R.I.P. Twitter

Janaíne Paiva
2 min readSep 20, 2024

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Do dia pra noite. Eu sabia que isso ia acontecer. Eu concordo, o Elon Musk é o anti Cristo e vamos todos morrer mesmo. O aquecimento global é real e vai piorar muito ainda até o mundo acabar. Mas eu perdi, eu perdi meu palco, meu lugar seguro, meu mini diário de contos, meu bueiro de indiretas e constatações constantes. Pensamentos que por compartilhalos eu podia receber aquele mini coração de alguém que eu venero dizendo um silencioso e valioso “curti”. Que poderia ser um -sim -eu concordo, um -adorei, um -eu achei engraçado ou só -vi sua resposta -tamo junto -vamo aí. É escroto demais como meu cérebro se habituou a dizer coisas que eu diria lá para vinte mil pessoas mas não diria aqui. Nem no Instagram, nem no Tiktok, nem no Bluesky, nem por telegrama, era lá. Lá que eu conheci um monte de gente que me ajudou a construir quem eu sou hoje, tanta gente que hoje faz parte de mim. Sério; casas, abrigos, amizades, oportunidades, empregos, carreiras, passagens, viagens. Tudo o que você puder imaginar eu já tirei de lá. Já até andei de helicóptero por causa dele. Eu seguia um fazendeiro da Mongólia que postava fotos e poemas, seguia pornstars, presidentes, pintores, atletas, jornalistas, cantoras, celebridades, subcelebridades, seguia todo mundo, do mundo todo. O importante era saber “o que você está pensando…”. Eu amava morar no Twitter e vivi lá por 15 anos.

Lembro que demorei a dar o braço a torcer e aceitar “a nova rede” mas pra quem tem sempre o que falar (baseado em nada e muito menos) era o ambiente propício pra minha criatividade deslanchar. Meu primeiro tweet foi mandando todo mundo tomar no cu. Se hoje sou o que sou, preciso reconhecer que foi muito por causa desse espacinho, de 140 caracteres, que você fala muito, mas ao mesmo tempo não diz nada. Pode falar coisa séria, mas também nada com nada. Pode discutir, se posicionar, se informar, mas também mostrar que é lelé da cuca e ainda vai achar alguém que também curte o que você curte. Seguir um perfil que posta todo dia o mesmo meme, alguém que conta todas as fofocas, ou explica o por que de cada coisa ser assim do jeito que é, o passo a passo da sua loucura! Ah, sei lá! O Twitter era minha sala de aula e nela eu era popular. Desculpa se está difícil desapegar. Eu sinto muito pelos tweets que não vou mais postar. Sim, eu sei que posso jogar minhas firulas em outras redes, mas não seria a mesma coisa. Jamais será. Será que um dia ele vai voltar?

(quem viveu esse template sabe do que eu tô falando)

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